
O Brasil assistiu recentemente uma das maiores greves dos últimos tempos: a dos caminhoneiros. Com mais de uma semana de paralisação e muitos serviços afetados tiramos várias conclusões desse episódio lamentável da economia e política brasileira.
A greve mostrou ao povo brasileiro a fraqueza do governo que durante as negociações não apresentou propostas pertinentes. Mesmo após o fim da paralisação e da parcial negociação, o governo Temer não mudou sua postura diante dos protestos da sociedade e não compreendeu que as reivindicações não eram apenas sobre o preço do diesel, mas sobre uma política econômica errônea que tem prejudicado o progresso de nosso país.
O governo em meio a uma recessão econômica retira os benefícios da indústria, onerando a indústria e tentando criar a Tabela Mínima do Frete. Mas, segundo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)o tabelamento do frete limita a concorrência, prejudicando a sociedade e criando uma espécie de cartel no setor.
Outro grande erro, além da indicação de Pedro Parente como presidente da Petrobras, foi a política de preços de derivados de petróleo adotada pela estatal desde outubro de 2016, que atrelou esses preços às cotações em dólar nos mercados internacionais. Com isso, a empresa desistiu da sua posição de dominante do mercado nacional para apenas ser mais uma no mercado competitivo. Porém os resultados dessa decisão, que foi fortemente questionado pela greve dos caminhoneiros, levou volatilidade dos preços internacionais inerente a um mercado que, no exterior, é basicamente não competitivo, sujeito às decisões comerciais de algumas poucas grandes empresas e somou ainda a uma elevação do dólar diante do real.
Com isso, a Petrobras além de abdicar do aumento de sua produção de derivados, há informações que algumas refinarias estavam operando com apenas 70% da sua capacidade instalada. O resultado foi que a empresa perdeu competitividade que ela tinha ao adotar os preços internacionais encarecendo os preços no mercado interno e aumentando as incertezas econômicas, e quem paga o preço é a sociedade.
Vale lembrar que esses aumentos são extremamente danosos à sociedade brasileira que é composta de uma grande parte da população de baixa renda, encarecendo o valor gasto com deslocamento e o valor pago as mercadorias, já que o valor médio das cargas é baixo e eleva assim a participação do frete encarecendo o preço das mercadorias. Portanto, a população mais carente gasta uma grande parte do seu salário com o consumo básico.
A greve nos mostrou a força dos trabalhadores e a importância de cada um deles e serviu para levantar bandeiras, mostrar erros e direcionar os debates dos presidenciáveis em outubro.
Outro problema identificado foi à dependência brasileira das malhas rodoviárias, em outros países a diversificação do transporte (ferrovias e hidrovias) melhora o deslocamento das cargas e com isso minimiza os problemas de custo. O Brasil é extremamente dependente do transporte rodoviário, que por conta das altas no preço dos combustíveis associado a extensão territorial, pedágios e a péssima qualidade de nossas estradas, encarece nossos produtos, tanto no mercado nacional quanto no mercado internacional diminuindo nossa competitividade.
A greve dos caminhoneiros foi legítima e importante para levantar diversos pontos que devem ser discutidos entre os políticos brasileiros para melhorar a vida de nossa população. A greve nos mostrou a força dos trabalhadores e a importância de cada um deles e serviu para levantar bandeiras, mostrar erros e direcionar os debates dos presidenciáveis em outubro.
Precisamos discutir sim melhorias em nossas rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Precisamos discutir um plano de desenvolvimento econômico e estratégico. Precisamos pensar grande, assim como JK quando criou o plano de metas de 1950. Precisamos pensar no longo prazo, só com políticas públicas direcionadas podemos resolver os problemas econômicos e sair da crise que ainda nos assombra.