A alta da inflação e o impacto na vida dos brasileiros

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Dinheiro, Real Moeda brasileira. Reprodução: José Cruz/Agência Brasil

O IPCA (Índice de preços no consumidor) é calculado usando como referência as famílias residentes nas áreas urbanas com rendimentos de 1 (um) a 40 (quarenta) salários mínimos, assim, o índice foi escolhido por contemplar a maior parte dos trabalhadores brasileiros. Para chegar ao índice de inflação, são coletados os preços em lojas, empresas de água e luz, além de serviços prestados. A pesquisa contempla itens de naturezas variadas. Entram a comida, mas também consulta médica, mensalidade escolar, aparelhos eletrônicos e atividades de lazer. Cada um tem um peso maior ou menor conforme a presença deles na cesta de consumo média da população. Assim, os itens relacionados à alimentação costumam ter um peso maior do que, por exemplo, comunicação ou vestuário.

O Brasil fechou 2021 com a quarta maior inflação entre 44 economias destacadas pela OCDE e deve terminar 2022 entre as nove maiores taxas ao consumidor. O IPCA de 10,06% foi superado apenas pelas taxas de Argentina (51% até novembro), Turquia (36% até dezembro) e Estônia (12,1% até dezembro) na seleção de países acompanhados pela instituição multilateral.

A alta inflacionária é acompanhada de uma taxa de desemprego alta, 11,6% – dados de novembro de 2021 – atingindo 12,4 milhões de brasileiros, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego do Brasil tem mostrado tendência de queda, mas é a 4ª maior entre as principais economias do mundo. O levantamento mostra que o desemprego no Brasil é mais que o dobro da taxa média global e também o pior entre os integrantes do G20. A taxa de desemprego no Brasil caiu para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, atingindo 13,7 milhões de trabalhadores. De acordo com o ranking, apenas Costa Rica, Espanha e Grécia registraram em agosto uma taxa de desemprego maior que a do Brasil.

Essa situação econômica brasileira está refletindo na população mais pobre, é perceptível o aumento da população de rua em cidades como Belo Horizonte, o programa Polos de Cidadania, da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) referência em estudos sobre população de rua, estima que sejam 8.374 pessoas em situação de rua na capital mineira, quase o dobro do calculado pela administração municipal. Infelizmente, é possível ver até crianças na rua, resultado da pandemia e da falta de políticas pública para a contenção dos seus impactos.

A inflação reduz o poder de compra das pessoas, segundo o IBGE o rendimento real habitual caiu 4,5% frente ao trimestre anterior, com isso as pessoas que tem renda de até quatro salários mínimos são os mais impactados, não conseguindo suprir mesmo as necessidades básicas, isso implica em pessoas indo para a rua porque não conseguem pagar os alugueis e alimentar sua família, já para as famílias de classe média e classe alta os impactos são menos nocivos.

Ter políticas de contenção dos preços (políticas federais), como os da gasolina, que em Belo Horizonte, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) teve um aumento de 46% quando comparado Janeiro de 2022 com o mesmo período do ano anterior, ajudaria a reduzir os custos de produção e transporte, assim, reduzindo o preço para o consumidor final. Outra forma de reduzir a inflação seria uma atenção especial à crise hídrica, se o governo federal tivesse ligando as Termoelétricas com antecedência teria sido evitando as tarifas vermelhas.

A falta de ação no tempo certo acarretou a acumulação de problemas que impactaram os preços e infelizmente, a população pobre, que está sofrendo desde março de 2020 com a pandemia, é a mais atingida.

Para 2022, se não for feita nenhuma ação de política pública nas esferas federais, estaduais e municipais, infelizmente, mais vídeos de pessoas vasculhando o lixo atrás e comida ou pegando restos de ossos estarão cada vez mais presentes em nosso cotidiano.