Nem a copa do mundo foi capaz de melhorar os ânimos do povo brasileiro. De maio a julho o Brasil vem passando por serias turbulências, que nós economistas não havíamos previsto. Nas nossas melhores projeções acreditávamos num crescimento do país em até 3%, confiantes de que mesmo com os eventos da Copa e Eleições podíamos fechar o ano com um crescimento, advindo de um ano de recuperação que foi 2017.
Porém, em economia não são apenas os números que influenciam nossas expectativas e percepção do cotidiano tem influências fortes nos indicadores econômicos. E o banho de água fria veio com a greve dos caminhoneiros, sem discutir a legitimidade da greve, mas apenas pontuar que numericamente a indústria brasileira caiu 6,6% esfriando o pequeno crescimento acumulado até abril de 2018.
Com isso, o medo da população com a economia combinado com os fatores econômicos já pode ser visto no indicador de “Medo do Desemprego”, medido pela CNI, que em junho cresceu 4,2% atingindo o número de 67,9 p. empatando com o indicador de junho de 2016, auge de nossa crise econômica. O que esse número indica? Que pessoas com medo não consomem e com isso a roda econômica não gira e isso impacta negativamente nossa economia.
Esse desânimo popular pode ser visto com a Copa do Mundo, ela não emplacou. Apesar da movimentação em bares e restaurante nos dias de jogo do Brasil, nem de longe essa Copa mobilizou a população como em anos anteriores, claro que o fator seleção brasileira e os eternos 7×1 influenciaram, mas o momento político e econômico foram cruciais para que resultados mais positivos não fossem alcançados.
Para complicar um pouco mais a situação, as eleições em outubro e todas as incertezas que elas trazem. Num cenário que o candidato que tem ganhado as eleições é os votos brancos e nulos, não se espera uma luz no fim do túnel em outubro. Na atual conjuntura espera-se uma disputa acirrada e o candidato que ganhar as eleições não necessariamente será o candidato com as melhores propostas econômicas para o Brasil, mas aquele que conseguir acalmar o “medo” popular que tanto nos aflige.
Economicamente falando essa situação é aterrorizante. Nosso país tem problemas graves de governabilidade, nossas contas não fecham, segundo projeções do FMI, se não forem resolvidos os problemas de dívida pública estaremos até o final do mandato Temer devendo 100% de nosso PIB, um candidato eleito para aplacar o “medo” popular pode não conseguir resolver os problemas estruturais que estamos enfrentando.
Nossa democracia desce ladeira abaixo, nossos deputados e senadores estão mais preocupados em se reeleger do que trabalhar por medidas que conduzam nosso país novamente aos trilhos, a incapacidade do governo Temer de conduzir o país ficou clara na negociação com os caminhoneiros, o caos está instaurado, as pessoas com medo e vamos enfrentar uma guerra dos tronos para entrar no Palácio do Planalto.
Se nem a Copa conseguiu acalmar nossos ânimos, o que acontecerá em outubro?
Pâmela Sobrinho : Economista e pós-Graduada em Controladoria e Finanças e Gestão Empresarial pela FGV