2019: A manutenção das políticas neoliberais de Temer

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Estamos enfrentando nos últimos anos a mais dolorosa crise econômica do país, uma crise com fatores conjunturais complexos, como o déficit orçamentário, a crise de demanda dos consumidores e a da oferta de bens e serviços. Deparamo-nos com empresas falindo e uma massa gigantesca de desempregados e promessas de reformas que trariam o desenvolvimento e a retomada do crescimento. O pacote de reformas ortodoxas e neoliberais do atual governo se mostrou um pacotinho da maldade para a população de classe média e baixa de nosso país, um composto de quase 90% de nossa população.

 

A tão esperada reforma trabalhista, sucateou as relações de trabalho entre patrão e empregado e não se mostrou eficiente para aumentar o volume de contratações e movimentar o mercado de trabalho., O fim das contribuições sindicais (patronal e do trabalhador) não resultaram em negociações mais efetivas, pelo contrário, demoradas negociações e o maior prejudicado: o trabalhador.

A tão comemorada PEC do Teto se mostrou uma grande cilada, isso porque ao congelar os investimentos dificultou o cumprimento da regra de ouro – se endividar num montante que supere o investimento – e com isso criar um crime de responsabilidade fiscal. A grande questão é quem cria o orçamento de 2019 é o atual governo, e como a estimativa de endividamento público tende a aumentar e o crescimento da receita se limita ao crescimento do PIB 2018, o próximo governo estaria com uma bomba nas mãos, sem dinheiro para custear a máquina pública.

A reforma da previdência ainda não foi e não será aprovada, mas conforme analise dos especialistas, além de trazer prejuízos a classe trabalhadora, a reforma como está sendo planejada não será capaz de solucionar os problemas estruturais da nossa previdência, isso porque não afetam os grandes grupos, aos maiores beneficiários da previdência, como políticos, militares, etc, ou seja, será mais uma reforma sem grandes mudanças econômicas e prejudiciais para a precarização social e manutenção das desigualdades sociais que são profundas em nosso país.

A classe trabalhadora sentiu na pele as reformas do governo Temer, inclusive a taxa de rejeição do presidente é uma das mais altas da história, sua taxa de aprovação é de apenas 7%, para 68% da população o governo Temer é considerado ruim ou péssimo. Isso porque sua agenda neoliberal, além de prejudicar a classe mais pobre estagnou o país em taxas de crescimento quase nulas, chegando ao máximo em 1,5% segundo a projeção do FMI para 2018.

Entretanto, apensar do fiasco do resultado econômico e social do atual governo, o candidato à presidência com maior expressão de votos tem declarado suas preferencias ultraliberais para as políticas econômicas, mais até que o próprio governo Temer, afirmou substancialmente que as reformas do atual governo foram boas e necessárias, sinalizou a manutenção de membros da equipe econômica. O que prolongaria a manutenção de políticas econômicas insuficientes para a promoção de um desenvolvimento econômico sustentável no longo prazo.

A preocupação dos economistas sobre o futuro das políticas econômicas brasileiras tem se estendido mundo a fora, para a agência de classificação risco S&P Global afirma que “estamos falando de um candidato “outsider”, que “aumenta o risco de incoerência ou de atrasos” na economia brasileira”.

Estamos diante de um impasse econômico sério para 2019, se poderíamos esperar uma eleição para a definição do quadro econômico e um plano de investimentos para o próximo ano, estamos de frente para grandes incertezas políticas e econômicas, independentemente do resultado iremos enfrentar para o próximo ano uma possível ingovernabilidade, políticas econômicas austeras, ultraliberais, reformas ainda mais profundas e que podem prejudicar substancialmente a classe C/D/E de nosso país, aprofundando as desigualdades sociais e sem realmente criar um plano sustentável de crescimento em longo prazo, tendo em vista a continuidade das propostas do governo Temer.

Talvez tenhamos mais quatro anos para escrever sobre a maior crise econômica de toda a história brasileira, que nos renderá extensos artigos de análises criticas. Espero profundamente estar equivocada nessa análise!

Pamela Sobrinho: Analista Econômico do CORECON-MG