Por Paulo Taveira | Segmento: Sustentabilidade
O gerenciamento dos resíduos sólidos sempre teve como objetivos: o atendimento à legislação, a proteção dos recursos humanos, a proteção da saúde humana e a redução dos custos operacionais. Com o advento da promulgação da Lei 12.305/10, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabeleceu-se ainda a seguinte régua de prioridade de atuação:
Não Geração > Redução > Reutilização > Reciclagem > Destinação/Tratamento > Disposição
A Não Geração, apesar de ser a figura ideal, muitas vezes é bastante improvável, e por isso, uma atenção especial deve ser dada ao gerenciamento na fase da GERAÇÃO do resíduo, onde o foco das ações deve ser direcionado para:
- Segregar em classes: Classe I (KI) e Classe II (KII);
- Reduzir a massa/volume.
A segregação, ao contrário da separação, não permite a mistura dos resíduos, o que implica em redução de custos com destinação e tratamento e, ainda, com a gestão de riscos ocupacionais e ambientais.
Uma vez produzido, o resíduo deve ter a sua geração minimizada (reduzida) sempre com atenção à relação custo X benefício. Esta minimização pode se dar em dois momentos: Na fonte de geração e na pós-produção. Este artigo trata apenas da MINIMIZAÇÃO NA FONTE.
MINIMIZAÇÃO NA FONTE
O mais importante nesta abordagem é o conhecimento e o domínio do processo gerador, para que seja possível uma atuação adequada em uma das, ou em todas, fases, a seguir descritas:
Atuação no balanço de massa
Considerando o produto hipotético AB, o resíduo hipotético C, e ainda, duas rotas possíveis de produção representadas pelas seguintes equações:
Rota 1: A + 2 BC → 2 AB + 8C e Rota 2: AC + 2B → AB + C
A Rota 2 poderia parecer a mais adequada do ponto de vista da minimização, pois gera 8 vezes menos resíduos (C). Porém, há que se considerar alguns fatores antes de se decidir qual a melhor rota de produção:
- O rendimento químico/físico de cada Rota;
- O consumo energético de cada Rota;
- A geração de aspectos ambientais de cada Rota;
- A eventual exigência de equipamentos e condições especiais de operação;
- O risco e a periculosidade de cada insumo e matéria prima;
- O custo e a disponibilidade de acesso a cada insumo e matéria prima;
- O preço de venda do produto AB;
- O custo de tratamento do resíduo; e
- O custo de disposição do rejeito.
Desta forma, o resultado financeiro da Rota 1 poderá ser melhor que o da Rota 2, mesmo produzindo 8 vezes mais resíduos… Repare que neste raciocínio ainda não estão sendo contabilizados os custos ambientais, termodinâmicos e subjetivos.
Atuação na aquisição de insumos e matérias primas
Uma vez definida a Rota de produção, a aquisição de insumos e matérias primas assume papel relevante na geração dos resíduos. Assim, é importante que nesta fase o setor de compras/aquisições/suprimentos seja tecnicamente orientado para considerar, além do preço, algumas outras características:
- As especificações técnicas minuciosas (pureza, estado físico, rendimento, marca, …) para se evitar encalhe por inadequação;
- A data de validade, caso haja, para se evitar perdas de materiais;
- A quantidade e a frequência a ser adquirida (regime just in time?);
- A forma de fornecimento (se fracionada ou à granel);
- O tipo de acondicionamento (se embalagens retornáveis, reutilizáveis ou recicláveis).
Atuação na tecnologia de produção
Do ponto de vista tecnológico, a minimização de resíduos pode se dar em três frentes:
- Estabelecimento das condições operacionais ideais (temperatura, pressão, número de operações unitárias, número de reatores, etc);
- Automação de processos;
- Manutenção preventiva de equipamentos.
Atuação no fator humano
O fator “gente”, por mais automatizado sejam os processos, ainda é crítico na geração de resíduos. Assim, para que se consigam resultados consistentes na minimização de sua geração, as equipes envolvidas com as diversas fases produtivas devem ser:
- Capacitadas tecnicamente;
- Treinadas periodicamente;
- Avaliadas regularmente.