Qual a melhor opção: lente de contato ou cirurgia refrativa?

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Muitas pessoas, por questões estéticas, não gostam de usar óculos de grau. Com isso, cresce a venda de lentes de contato como forma de correção da miopia, da hipermetropia e do astigmatismo. Porém, de acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, de Campinas (SP), as lentes geram mais risco de contaminação da córnea do que a cirurgia refrativa.

“Os prontuários do hospital mostram que 20% dos usuários de lente já tiveram alguma ceratite, inflamação da córnea. A recorrência das inflamações aumenta o risco de levar ao transplante e até à perda da visão”, alerta o médico. As principais causas da ceratite, conforme o especialista, são a má higiene do acessório; a não retirada na hora de dormir; o contato com água suja; o uso além do prazo de validade; e as reações alérgicas às soluções de limpeza.

O oftalmologista afirma que dormir com lente é o pior hábito, já que aumenta de 10 a 20 vezes o risco de contrair úlcera na córnea, já que, durante a noite, a produção da lágrima é menor e aumenta o atrito do acessório com a superfície da córnea. Outro problema comum é o contato com a água da torneira, do mar ou da piscina, especialmente no Verão. “A água é o maior veículos de transmissão de infecção crônica por acanthamoeba, parasita de difícil controle que recentemente causou um surto de ceratite no Reino Unido”, comenta Queiroz Neto.

Cirurgia refrativa

O médico afirma que as pessoas que não gostam de usar óculos podem recorrer à cirurgia refrativa, que corrige graus baixos e moderado de miopia, hipermetropia e astigmatismo, remodelando a córnea. A técnica mais utilizada, de acordo com o especialista, é a Lazik, em que o cirurgião ocular aplica um feixe de laser para a correção do grau.

Dependendo da avaliação pré-cirúrgica é indicado o PRK, que consiste na aplicação do laser após a raspagem de células da camada externa da córnea. Segundo o oftalmologista, embora a recuperação seja mais lenta, essa técnica permite realizar o procedimento em córneas mais finas.

Queiroz Neto mostra ainda que a novidade na cirurgia refrativa é a Intralase. Nesta técnica, o médico corta a córnea e corrige o grau por meio de um laser de femtosegundo, o que torna o procedimento mais preciso e seguro. Segundo o especialista, a escolha da técnica é feita pelo cirurgião conforme a espessura da córnea e pelo estilo de vida do paciente.

Quem tem grau muito elevado, conforme o oftalmologista, pode ter de recorrer ao implante de lente, sem retirada do cristalino, que é capaz de corrigir até 20 graus de miopia; 10 de hipermetropia; e seis de astigmatismo. Essa técnica também pode ser indicada para quem tem olho seco, córnea fina ou ceratocone, orienta Queiroz Neto.

O médico destaca que a cirurgia refrativa só é indicada para quem tem entre 21 e 45 anos e existem contraindicações, como: gravidez, que torna o grau instável; córnea mais fina que 400 micrômetros; instabilidade de grau; ceratocone; glaucoma; catarata; e doenças que dificultem a cicatrização como plaquetopenia, lúpus, diabetes e Aids.