Pais conversam, freqüentemente, sobre as atitudes das crianças nas escolas. Buscam respostas para questões complexas quando faltam testemunhas para fatos corriqueiros entre os pequenos. Quem mordeu quem primeiro? Por que o filho está falando determinadas palavras que soam impróprias em algumas residências? É função do professor ensinar comportamentos familiares? A escola, realmente, educa? A criança é reflexo do adulto? Cada um tem sua opinião e necessidade, mas consenso é difícil quando o assunto é a própria cria. E todos têm teto de vidro. E pecados…
O pai estava indignado com o choro doloroso da menina de três anos. Ela foi repreendida pela professora, depois de morder o coleguinha, de cinco anos. Ganhou bilhete verdadeiro no caderno de anotações das ocorrências. Sem engasgar, contou que o menino havia batido nela durante as brincadeiras. Sem vocabulário para explicar, o pai entendeu o revide da criança como natural, um ato de defesa da honra.
A mãe relembrou dos tempos em que o filho mais velho estava no maternal. Calmo, sossegado, caladinho no canto, gostava de jogos de memória, de encaixe, de carrinhos. Também recebeu bilhete revelando o “crime”: mordeu o dedo da colega com tanta força, que quase arrancou um pedaço. A professora advertiu, xingou, apaziguou o choro, escreveu textão no caderno do menino. Ele, sereno, depois do susto, contou em detalhes os motivos para a agressão. “A fulana colocou a mão dentro da minha boca e puxou a bala que eu estava chupando”. Caso encerrado e entendido.
São ocasiões difíceis para contornar. Os dois lados possuem defesa. Contudo, será que há réus ou vítimas? Quem tem razão quando a reação é um instinto? Como explicar que não se pode atacar com tamanha violência? Pedir por favor, dê licença, não me toque? O tempo e os pais, os outros adultos envolvidos, devem estar atentos a cada gesto diferente e são os responsáveis para educar e ensinar o jeito correto de lidar com as situações. Como diria o ditado “é de pequeno que se aprende e se faz o grande”. Cada passo é a trajetória para a convivência social, saudável, moral, cívica e ética.
A terceira lei de Newton é conhecida na física. Entretanto, serve para lições do cotidiano. Ação e reação. O que vai, volta. Dê afeto, caridade, amor, felicidade, ouvido, bom dia, paciência, abraço, atenção. Gratidão. Amor. Seja espelho para o outro. Reflita o seu melhor, pois o mundo já está saturado de mazelas e sujeiras. De lama.
Dê luz e paz!
Juliano Azevedo
Jornalista, Professor, Escritor, Terapeuta.
Mestre em Estudos Culturais Contemporâneos
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