Dislexia demanda atenção dos pais e professores

33

Problemas no uso da linguagem afetam a comunicação e, claro, o convívio social. O problema neurológico é caracterizado pelo comprometimento linguístico da produção e compreensão de material verbal, da leitura e da escrita.

“Estudos mais recentes revelam que as lesões subcorticais podem originar alterações de linguagem, denominadas afasias subcorticais, ou atípicas. As dificuldades relacionadas na aquisição e no uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas estão relacionadas às disfunções no sistema nervoso central. Mas é importante que fique claro que muitas crianças que são diagnosticadas com dificuldades de aprendizagem apresentam inteligência normal, e não demonstram desfavorecimento físico, emocional ou social”, explica a psicopedagoga Genoveva Ribas Claro, do Centro Universitário Internacional.

No caso da dislexia, ocorre uma falha no processamento da habilidade da leitura e da escrita, um atraso no desenvolvimento ou a diminuição em traduzir sons em símbolos gráficos e compreender qualquer material escrito. “Etimologicamente, dislexia deriva dos conceitos ‘dis [desvio] e ‘lexia’ [leitura], sendo um distúrbio de origem neurobiológica, que dificulta o reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração”, diz a especialista.

Segundo a psicopedagoga, o diagnóstico da dislexia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar e interdisciplinar, com profissionais da área da Neurologia, Psicologia, Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Oftalmologia, entre outros. “Normalmente os sintomas aparecem já no processo de alfabetização. O professor e a família devem, em primeiro lugar, compreender que essas crianças não são incapazes: elas compreendem as tarefas. Mas é necessário dividir as tarefas por passos, encorajando-as a cada sucesso obtido”, afirma Genoveva Claro.

Como a dislexia causa problema na memória de curto prazo nas crianças, é necessário repetir várias vezes os mesmos exercícios e praticar mais a leitura e escrita. “Por isso, deve-se entender que o processo para aquisição da escrita e leitura é mais lento. Dê-lhe mais tempo para se organizar, evite correções sistemáticas de todos os erros de escrita, faça avaliações orais e pontuações positivas para melhorar a autoestima delas. Vale ressaltar que a família é uma peça fundamental no desenvolvimento da aprendizagem das crianças com dislexia. É necessário que os pais se conscientizem do distúrbio e as ajudem a superar as dificuldades. Com um trabalho associado a um tratamento interdisciplinar, a escola, a família e a criança com a dislexia têm todas as condições necessárias para um desenvolvimento adequado de sua aprendizagem”, completa a especialista.

Ela lembra que independente das limitações no processo de leitura e escrita, típicas das crianças com dislexia, elas têm as condições necessárias para o aprendizado, desde que acompanhadas por profissionais habilitados e professores que possibilitem uma intervenção adequada.