Mães e pais de primeira viagem costumam ter dúvida em relação ao desfralde das crianças pequenas. A capacidade de controlar o esfíncter e, com isso, largar as fraldas, é um dos marcos no desenvolvimento infantil. Entretanto, é um dos processos de aprendizagem que demanda atenção dos pais. É preciso adotar estratégias positivas para evitar que essa passagem natural, da fralda para o vaso sanitário, se torne algo traumático para os pequenos.
Segundo a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, não existe uma idade certa ou errada para o desfralde. Entretanto, é preciso tomar cuidado para que não seja um processo rígido ou feito antes do filho estar preparado. “Cada criança tem seu ritmo, desejos e necessidades. Os pais e educadores precisam considerar essas características individuais no momento do desfralde para não iniciar de forma precoce e causar mais danos do que benefícios”, comenta a especialista.
Em geral, é recomendado que o desfralde comece depois dos 18 meses ou a partir dos dois anos. Isso porque nessa faixa etária a criança já tem uma melhor compreensão do processo devido ao desenvolvimento cognitivo, incluindo a capacidade de expressar em palavras o desejo de largar as fraldas.
Outra dúvida comum dos pais é sobre o uso de penico ou adaptador para o vaso sanitário. “Como cada criança é diferente da outra, isso pode ser muito relativo. Algumas podem aprender mais fácil usando o penico e outras o adaptador. O mais importante é que os pais estabeleçam os rituais. Após fazer o xixi, ensine a criança a jogá-lo no vaso sanitário, dar descarga, usar o papel higiênico e lavar as mãos”, afirma a fisioterapeuta.
Como a maioria das crianças frequenta escolas ou creches, o desfralde acaba sendo um processo que depende da parceria entre pais e educadores. Para Walkíria Brunetti, a escola pode facilitar muito esse processo. “A criança aprende pelo exemplo. Portanto, nada melhor do que ver os coleguinhas usando o banheiro para incentivá-la a fazer o mesmo, ou seja, imitar. E isso vale também para os pais e irmãos em casa”, comenta.
Além disso, o desfralde precisa envolver o reforço positivo para dar certo. Outro ponto fundamental é que os pais precisam aprender a lidar com os escapes de forma natural. “Os escapes vão acontecer e isso é um fato totalmente esperado. Em nenhuma hipótese os pais devem criticar a criança. Devem apenas limpá-la e incentivá-la a usar o banheiro da próxima vez. Ou orientar que ela peça para o papai/mamãe levá-la ao banheiro”, diz a especialista.
Outro passo desafiador desse processo é a retirada da fralda noturna. “Muitos pais podem ter dificuldade para retirar a fralda noturna e isso é normal. Primeiro é preciso firmar o desfralde diurno e isso pode levar meses. A fralda noturna vai necessitar que os pais se levantem de três a quatro vezes por noite para levar a criança ao banheiro. Apenas depois da autorregulação é que a criança terá capacidade de perceber que precisa ir ao banheiro durante a noite”, afirma Walkíria.
Uma dica da especialista é evitar que a criança tome muito líquido antes de dormir e, claro, leve-a para fazer xixi antes de colocá-la na cama.