Começa hoje (23) a Semana Mundial de Luta contra o Preconceito pela Hanseníase celebrada durante o Concerto Contra o Preconceito, em sua 25ª edição, na Colônia Santa Isabel, até o dia 28 deste mês. A programação conta com shows de artistas betinenses, principalmente da região, entre outras atrações. A edição 2018 conta com uma novidade: o anúncio da regularização fundiária da região.
A luta contra a doença é necessária e, hoje, carrega uma grande e triste história de pacientes internados em colônias , como a de Santa Isabel, pelo Brasil. O objetivo do evento é justamente levar os participantes a essa reflexão, de cuidado e prevenção contra a doença combatendo, também, o preconceito que os pacientes e ex-pacientes, além de seus familiares, ainda sofrem.
A festa é organizada pela Prefeitura Betim, por meio da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), em parceria com a Associação Comunitária da Colônia Santa Isabel, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan – Betim) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Regularização fundiária
Em 2018, a comunidade do bairro Santa Isabel, formada por pacientes, ex-pacientes e seus familiares, tem mais um motivo para comemorar. A Prefeitura de Betim deu início à Regularização Fundiária da área de 3.407.448,25 m², que abrange parte dos bairros Santa Isabel, Citrolândia e Alto Boa Vista. No domingo (28) será feita a assinatura do Termo de Doação do terreno.
A regularização das propriedades é uma reivindicação antiga dos moradores. O processo teve início em 2007. Somente neste governo foi possível concretizar o desejo da comunidade, após o Estado de Minas Gerais publicar a Lei Nº 22.816/17, que autoriza a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) a doar ao município de Betim. A doação beneficiará cerca de 2,4 mil famílias.
A regularização, que possibilita a titularização dos lotes para as famílias beneficiadas, está resgatando uma pequena parcela da injustiça ocorrida pelo Estado, onde famílias dos portadores de hanseníase foram retiradas de suas casas, presas e internadas na Colônia Santa Isabel no século passado.
Colônia Santa Isabel
Construída como alternativa para o controle da hanseníase, crescente no Brasil da década de 1920, a Colônia Santa Isabel recebia pacientes portadores da doença de Minas e de outras regiões do país. Por meio da ação de “médicos caçadores”, os enfermos eram isolados do convívio social e internados no hospital, inaugurado em 1931.
Mais tarde, próximo à Colônia, surgiu o bairro Citrolândia, criado especialmente para abrigar familiares dos pacientes. Por vários anos, os moradores da região sofreram com o preconceito. Somente no fim da década de 1980, com a mudança da política nacional em relação às 33 colônias existentes no Brasil, os pacientes receberam alta e os portões de Santa Isabel foram abertos.
De acordo com o procurador-geral do município, Bruno Cypriano, a regularização fundiária é um grande marco para Betim. Segundo ele, milhares de famílias que moram na região terão, pela primeira vez, a documentação de suas residências. “Com a entrega das escrituras, a prefeitura poderá atuar de forma mais efetiva, protegendo e garantindo os direitos da população da regional Citrolândia”.
Hanseníase
A hanseníase é causada pelo bacilo de Hansen, que ataca os nervos periféricos a pele e a mucosa nasal, podendo também afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos, levando a sérias incapacidades físicas. Ela é transmitida pelo contato com gotículas expelidas pelo doente pelas vias respiratórias. Os principais sintomas são pequenas manchas de cor esbranquiçada ou avermelhada, com a diminuição da sensibilidade e dormência.
O tratamento da Hanseníase é gratuito, é oferecido pelo SUS e, logo quando iniciado, a transmissão é interrompida. E, se realizado de forma completa e correta, garante a cura da doença. Em 2017, foram diagnosticados 18 casos de hanseníase em Betim, e estavam em tratamento, 19 pacientes.